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Quem já correu uma maratona, por exemplo, sabe que nem sempre o bom preparo físico e tático é suficiente para se cruzar a linha de chegada.
Na maioria dos treinamentos prescritos, fala-se muito em condição muscular do atleta, seu treino, alimentação adequada, a quilometragem semanal desenvolvida, intensidade e ritmo de treinamento, etc... Mas existe o outro lado da questão que é a parte psicológica, esta impossível de se negar sua importância.
Partindo de uma visão global do ser humano, podemos descrevê-lo como uma interação dinâmica entre corpo e mente e fatores ambientais que interagem com ele.
Na Maratona é necessário que o participante seja capaz de suportar sua própria solidão e seu silencio interior por algumas horas.
Muitos compararam essa hora com o processo de meditação onde se é obrigado a se voltar para dentro de seus pensamentos e observar o que ocorre.
É uma forma de "escutar e perceber a mensagem do corpo", sentir a pulsação, o ritmo da respiração, as passadas no solo e as modificações que provocam na sua estrutura músculo-esqueléticos.
Quando aprendemos a entrar em contato com o nosso ser, podemos ter uma noção mais concreta do ritmo a ser empregado na corrida, a variar pouco a pouco a intensidade, a respirar corretamente e, a saber, suportar os esforços exigidos.
A Cultura oriental nos ensina a ter controle sob nossas emoções, ações e, muitas vezes, até mesmo sobre as nossas reações fisiológicas.
Na Yoga, por exemplo, o praticante tem domínio sob sua frequência cardíaca, tensão arterial, temperatura corporal entre outras funções vitais.
No caso da Maratona, a ação voluntária sob os músculos respiratórios, principalmente o diafragma, é de grande valia, pois uma respiração ritmada evita os desgastes desnecessários de energia, promovendo uma boa oxigenação no organismo.
É preciso aprender a respirar longa e pausadamente, primeiro em repouso, depois durante a corrida, assim que se dominar a técnica.
Obviamente não é do dia para a noite que os resultados aparecem - é preciso tempo e paciência.
A concentração, o auto-domínio e a capacidade de suportar desconfortos fazem parte do cotidiano de um atleta.
Essa determinação mental de continuar a correr, enquanto muitos já desistiram, é denominada por muitos estudiosos de "endurance", ou de amadurecimento psicológico.
No aspecto físico do treinamento desportivo é chamada de "lastro-fisiológico". E é de fundamental importância para o sucesso de um corredor, que este tenha um objetivo bem concreto antes de iniciar sua competição ou mesmo seu treino diário, fixar sua meta, reforçar este objetivo na mente a todo o momento.
Uma mente treinada e disciplinada tem mais chances de êxito no desempenho final.
Não deixar que dúvidas e inseguranças o perturbem, pois apenas aumentarão o nível de ansiedade. E ansiedade alta significa fracasso comprovado.
O atleta que vence uma rústica, em verdade, é aquele que tem de si mesmo uma imagem de vencedor: ele já se vê vencendo a prova muito antes dela se realizar. (Note que os vencedores de muitas corridas são sempre nomes já conhecidos de todos).
Por fim, é necessário um profundo estado de harmonia psico-físico-social entre o corredor consigo mesmo e com o meio ambiente onde vive.
Quanto maior for este contato maior será o seu estado de equilíbrio e maiores suas chances de êxito pessoal.