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Estudo revela que as mulheres latinas, mesmo com menos acesso à saúde pré-natal, apresentam menor mortalidade infantil do que as norte-americanas.
A América Latina é um continente novo, de contrastes e fertilidade, o lar das matriarcas, que caminham com vários filhos grudados na barra de sua saia.
E talvez esse instinto, tão impregnado nas mulheres latinas, é que, apesar dos maiores riscos e piores condições de saúde, faz que essas mulheres possam ter um grande número de filhos e poucos deles morrem em seus primeiros anos de vida.
A doutora Elena Fuentes-Afflick, que conduziu o estudo, denomina essa característica das mulheres e filhos latino-americanos de “paradoxo epidemiológico”.
Como explicou a especialista à Saúde na Internet, não se consegue entender a razão da “semelhança entre as taxas de mortalidade das mulheres latinas e das norte-americanas, apesar da desvantagem da mãe latina”.
O estudo
Nesse estudo, Elena Fuentes-Afflick analisou cerca de um milhão e meio de registros de nascimentos ocorridos na Califórnia – Estados Unidos, entre 1990 e 1993.
Os casos foram classificados entre latinos nascidos nos Estados Unidos, cidadãos norte-americanos e mulheres mexicanas que deram a luz no referido estado.
Os esforços de investigação foram centrados em como as diferentes variáveis mesclam-se para gerar esse paradoxo.
O resultado mais surpreendente foi que, apesar de todos os riscos associados com a mortalidade infantil, as mexicanas apresentavam taxas surpreendentemente baixas desta “epidemia”.
Mesmo que as razões desse paradoxo sejam desconhecidas, existem fatores que Fuentes-Afflick identifica e que poderiam ser ponto de partida para posteriores investigações: o tabagismo (muito menor nas mexicanas) e o acesso ao sistema de saúde apropriado para as gestantes.
Assim, os resultados demonstram que as mexicanas apresentaram taxas de mortalidade infantil 25% menor, bem como um menor índice de bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer.
Conselhos para o futuro
O estudo – que foi apresentado no encontro entre a Academia Norte-americana de Pediatria e da Sociedade de Pediatria Acadêmica – soma-se as investigações anteriores realizadas pela doutora Fuentes-Afflick no tema de gestação das mulheres latinas.
Unindo esses distintos fatores – como comportamento, atenção médica e características de alimentação – futuros estudos poderão compreender melhor a origem do “paradoxo epidemiológico”.
No momento, a investigação começa a sinalizar onde deve-se centrar as melhorias para diminuir a mortalidade infantil na América Latina: um melhor uso da atenção pré-natal.
“Sobretudo – agrega a doutora – em mulheres que possuem um histórico reprodutivo de bebês prematuros ou de baixo peso ao nascer”.